Muralismo | Arte no Cotidiano

Muro executado pela Arquiteta Aline Krupkoski e o Pintor Sebastião Telles

A ideia de ocupar espaços públicos com murais surgiu na metade do século XX, aqui no Brasil. Momento em coincidiu com o processo de urbanização, com objetivo de modernização da construção civil.

A capital do Brasil, Brasília é um dos maiores projetos governamentais de construção civil e de arquitetura, criada para representar o período “desenvolvimentista” de Juscelino Kubitschek. Claro que foi um processo político entre crescimento e desenvolvimento por meio da urbanização. Mas, foi na arte um bom momento para tornar público obras de Oscar Niemeyer, na arquitetura, de Portinari, Clóvis Graciano, Cláudio Tozzi e Francisco Brennand.

O estilo mais comum de intervenção artística foi a utilização de cerâmica e mosaicos, representadas por artistas como Portinari e Clóvis Graciano.

Mas, o que tem chamado a atenção são as pinturas e mosaicos abstratos espalhados pelas cidades, misturando-se ao cotidiano das pessoas e tornando nossos dias mais coloridos.

A jornalista Leandra Francischett contou em duas reportagens, no Jornal de Beltrão, como o muralismo está presente em Francisco Beltrão.

Arquiteta e pintor fazem mural de dez metros no Pinheirinho

“Este foi o primeiro mural de seu Sebastião Telles, 85 anos, que faz pinturas publicitárias há 77 anos. “Nunca fiz outra coisa na vida. Amo o que eu faço.” Ele e a arquiteta Aline Krupskoski se uniram no projeto de decorar o muro ao lado da Real Móveis, no Pinheirinho. Para fazer o mural, que ficou com 10 m x 3 m, eles utilizaram apenas pincel e tinta acrílica.

Aline começou a pintar há três anos, como terapia, já que seu trabalho é muito detalhista e exige bastante. “Eu quis retomar a criatividade que eu achava que eu estava deixando de lado nos projetos, em função das cobranças dos prazos, e acabei me achando na pintura. Desde então, fui aumentando o tamanho das telas, até que me encantei com o muralismo.”

Aline lembra que o muralismo é uma tendência das cidades grandes no Brasil e no exterior e Beltrão agora está tendo contato com esta nova cultura. Trata-se da pintura numa parede, diretamente na sua superfície, que se torna uma exposição permanente. Está profundamente vinculada à arquitetura, uma intervenção urbana, uma vez que pode explorar o caráter plano de uma parede ou criar o efeito de uma nova área de espaço.

Aline e Sebastião já estão pensando nos próximos trabalhos. A frase “seja luz”, pintada neste mural, deve aparecer nos demais também. “É quase um mantra, significa muito pra mim, no sentido de que, num mundo tão conturbado, é preciso ser luz e encontrar dentro de si pra continuar. Isso será uma sequência de pinturas, usando sempre esta frase, que consegue passar tudo o que a pintura representa pra mim”, completa.”

Em outra reportagem, Leandra mostra o trabalho do Professor Raí Remi Rech, onde as paredes das Escolas Epitácio Pessoa e Sagrado Coração, transformaram-se em murais artísticos.

“Amante das artes, professor Raí Remi Rech é natural de Itapejara d’Oeste, mas reside em Beltrão e cursa Geografia, na Unioeste. Seu nome artístico é Hi Rech Art. Ele trouxe o muralismo para as escolas Epitácio Pessoa, da Seção Jacaré, e Sagrado Coração de Jesus, do Bairro Padre Ulrico. Ele trabalha com duas turmas em cada escola, num total de 60 crianças. “Estamos desde o básico do desenho, do traço, luz e sombra, cores, utilização de tintas, de pinceis, pra daí nós irmos pro mural”, conta Raí.

Ele elaborou as propostas dos murais, a partir da vivência de cada escola. “No Sagrado Coração, eu fiz a pintura de um grande arco-íris com o sol e um pedacinho do bairro, que tem as casinhas, demonstrando, através da escola, a liberdade, e através da arte, esse desvendar do mundo. O poder do final do arco-íris, pra se encontrar a riqueza, que são as pessoas, é o bairro e a escola…”Na Epitácio Pessoa, Raí propôs uma noite estrelada, de Van Gogh, que foi pintada na porta, e na frente da escola, uns galhos de pessegueiro, uma releitura também de Van Gogh. Nesta escola também está seu primeiro mural autoral, no qual parece ter um olho no céu. “Esta pintura autoral também expressa a questão do arco-íris radial, que vem desde o sol, se expande por toda a pintura, uma cachoeira que vira um arco-íris expressando a liberdade, diversidade, alegria.”Texto e Imagens | Leandra Francischett | MTb 4573.19.13/PR | Editora do caderno Moda & Sociedade | Jornal de Beltrão – Fco. Beltrão/Pr.

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