Comida é Conexão entre Pessoas

Fotografia | Dani Roncato

Comida remete felicidade. Comer é bom. Preparar é melhor ainda, posso garantir. Nas minhas redes sociais quando compartilho uma imagem de comida (pães, risotos, polenta, bolos, sopas, macarrão…comida simples, tá?) de imediato uma rede de afetividade se forma. Constato que a comida nos torna iguais.

Para o Dia das Mães, montei meu primeiro bolo recheado, foi um sucesso 🙂 . Não imaginei despertar tal reação, até compartilhei a receita do recheio com quem pediu. Recebi mensagem que a minha atitude foi inspiração e seria a próxima meta de amigas na cozinha. Nossa, fiquei muito feliz!

Sou de origem italiana e cresci com o exagero a mesa, historicamente falando, para compensar a fome e a escassez dos nossos antepassados ao se deslocar do continente europeu para cá. Minha mãe, em uma família de 10 pessoas, conta que eram poucas as opções a mesa nas refeições, normalmente, polenta, arroz, feijão, pão, batata doce e pouca carne. Cresci com meu pai promovendo exageros, no bom sentindo e de forma protetiva, hoje entendo que a origem está na vida sofrida dos nossos ancestrais.Da minha infância trago a observação das avós, mães e tias na cozinha. Na minha memória estão vivos alguns fatos, até hoje. Lembro perfeitamente das segundas-feiras em que minha mãe cozinhava o feijão (ouvindo o programa no rádio, do Roberval Bastos rsrs); das minhas avós Pierina e Sabina preparando macarrão ou “bigoli” como chamavam; da lasanha com molho bolonhesa e presunto da tia Tere, são recordações simplesmente inesquecíveis e afetivas.

Cozinhar para minha família é algo muito normal. Meu cunhado, André brinca “As Tubins não tem preguiça para fazer comida”. Realmente, somos assim, para nós a cozinha é descomplicada e uma grande festa. Iniciativa de sobra, chegamos a nos atrapalhar no pequeno espaço físico da casa.

Almoços e jantares são sempre melhores quando a mesa esta cheia, não necessariamente de comida, mas de boa companhia, de gente e afeto. Lígia Guerra, Psicanalista e escritora uma vez falou “pessoas que gostam de comer, são bem humoradas”. Disse mais, o mau humor é companhia para aqueles que não veem na comida uma oportunidade de alegria. Concordo!

O conhecido chef de cozinha brasileira Alex Atala classificou a comida como a maior rede social do mundo. Me aproprio da ideia! A comida conecta as pessoas. Em casa, nos supermercados, nos restaurantes, no trabalho, na calçada, no pilates em qualquer lugar. Eu amo falar em comida. A comida é muito mais do que alimento, concorda? Vou levar a frase pra vida, me identifiquei de imediato.A comida é a maneira mais simples de aprender sobre outra cultura. Saboreamos pratos que remetem às nossas origens, exemplo: macarrão, risoto e polenta para os italianos; chucrute, joelho de porco e doce com salgado para os alemães; quer mais brasilidade que o nosso feijão preto com arroz ? Somos apaixonados por essa dupla, se tiver um ovo frito e farofa, hummmm é o prato perfeito! Sou adepta ao estilo “cozinha prática e simples” e não há outra forma de se tornar um cozinheiro se não for cozinhando. É igual a atleta, que precisa treinar para quebrar recorde, melhorar desempenho.

E, como não falar sobre a importância dos produtos regionais, para o desenvolvimento da gastronomia. No Sudoeste, temos fartura em várias produções, exemplo produzimos batata doce que é distribuída em várias regiões do Paraná. As carnes de frango e suíno são nosso patrimônio. O feijão colhido na região é muito saboroso. Poderia listar muitos produtos.

Então, como não concordar que maior e mais primitiva rede social do planeta, é a comida. Ela é capaz de nos conectar com mais de 7 bilhões de pessoas.

Voltando ao nosso tema central – Comida é conexão entre pessoas, a receita da felicidade é simples e passa pela alimentação. Na cozinha não tem segredos e sim, ideias e vontades. Isso me atrai. Não tenho medo de misturar temperos, experimentar novos ingredientes e receitas, eu me aventuro mesmo – é isso que me atrai, a alquimia e poder transformador da comida. É compensador demais, ouvir que tal prato esta delicioso ou qual o tempero você usou? Nesse momento, a minha resposta é simples, amor!O prazer em cozinhar e comer envolve textura, cheiro, sabor, memórias e escolhas de alimentos que contribuem para a saúde. Se permita essa conexão, transforme o ato de cozinhar em uma celebração, pode ser o macarrão servido um queijo diferente, o virado de feijão acrescido de pequenos pedaços de um saboroso salame ou o ovo frito feito no capricho.

Vá para a cozinha, se aventure nas panelas, o tempo passa deliciosamente, a mente se ocupa e a criatividade aguça. Eu tenho feito isso com muita frequência nos últimos tempos, e confesso não compartilho em redes sociais nem 1/3 das preparações que faço. Não preciso. Eu simplesmente celebro cada uma delas, afinal consigo me conectar com quem está perto fisicamente ou não através da comida, isso sim, é muito bom!

Que eu possa te inspirar a se conectar com a comida e cozinha.

Com carinho, Flaviana

Dedico esse texto à minha mãe Ana, minha irmã Queila e a família Tubin, todos cozinheiros e cozinheiras de mão cheia, minha fonte de aprendizado e inspiração diária. É para vocês essa frase: “Aprendemos a cozinhar com a memória dos outros. Uma grande cozinha, um cozinheiro em movimento, um bolo assando e uma mãe.”

Fotografias Dani Roncato | Rua Sergipe, 668, Centro, Francisco Beltrão/Pr. | 46 99975 1456 | @droncato.ph

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