Advento | Tempo de espera e de chegada

“Advento, tempo de espera. Não apenas de um dia, mas daquilo que os dias, todos os dias, de forma silenciosa, transportam: a Vida, o mistério apaixonante da Vida que em Jesus de Nazaré principiou.

Advento, tempo de redescobrir a novidade escondida em palavras tão frágeis como “nascimento”, “criança”, “rebento”.

Advento, tempo de preparar, mais do que consumir. Tempo de repartir a vida, mais do que distribuir embrulhos.

Advento, tempo de procura, de inconformismo, até de imaginação para que o amor, o bem, a beleza possam ser realidades e não apenas desejos para escrever num cartão.

Advento, tempo de dar tempo a coisas, talvez, esquecidas: acender uma vela; sorrir a um anjo; dizer o quanto precisamos dos outros, sem vergonha de parecermos piegas.

Advento, tempo de se perguntar: “há quantos anos, há quantos longos meses desisti de renascer?”

Advento, tempo de abrir janelas na noite do sofrimento, da solidão, das dificuldades e sentir-se prometido às estrelas, não ao escuro.

Advento, tempo para contemplar o infinito na história, o inesperado no rotineiro, o divino no humano, porque o rosto de um Homem nos devolveu o rosto de Deus.”

Texto escrito por José Tolentino Mendonça, cardeal português e prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação, citado por Dom Edgar Ertl em sua coluna – Tempo do Advento: chegada do Príncipe da Paz, publicada no dia 02/12/2023, no Jornal de Beltrão.

(Visitada 64 vezes, 1 visitas hoje)