Texto | Flávia Vilela Camilotti
“Meu coração está cheio de gratidão – por um milagre que Deus nos concedeu: o pequeno Valentim (que eu nem sequer conheço pessoalmente, mas ocupou um grande espaço na minha vida este ano) recebeu o Zolgensma – o remédio mais caro do mundo – custa mais de 2 milhões de dólares!!! E apesar de termos conseguido organizar uma campanha bem sucedida para ele – em poucos meses já tínhamos quase 2 milhões de reais arrecadados – eu me pergunto: e se ele não tivesse sido sorteado, teríamos efetivamente conseguido?! Esta é uma dúvida que levarei pela vida, mas a certeza de que era possível foi o que me motivou a bater na porta daquela família e me oferecer para ajudar!
Este é o ponto AJUDAR – esta palavra está em extinção, nas nossas casas, nas nossas vidas, nas redes sociais, nas mídias… poucos se propõem a ajudar. Seria por falta de condições?! Ou quem sabe por não terem “um bom coração”?! NÃO!!! Hoje eu posso afirmar isto – a maior parte das pessoas não ajuda porque não sabe por onde começar, nem sequer imagina que TODOS NÓS podemos fazer algo para ajudar alguém. Muitas vezes “custa” tão pouco, mas não temos consciência disto! Não temos a “cultura da doação”, quem diria que hoje eu reconheceria isto! Lá no começo da campanha do @amevalentim a Carol Celico (@cacelico – Fundação Amor Horizontal) me retornou uma mensagem e me falou isto – e eu pensei, ignorando o assunto – ela está errada! Mas não, ela está certa! Muito certa! E eu não estou falando de doações de empresas, grandes empresários, grandes valores não – estou falando de mim, de você que está lendo… quantas campanhas já “passaram” pela gente e pensamos assim: que pena, tomara que consigam… e não fizemos NADA para ajudar!
Então eu repito aquela máxima: na campanha do Valentim, me propus a ajudar mas quem foi mais ajudada fui eu! E é verdade, a mais pura verdade. Entre tantas outras coisas eu vi “a vida como ela é”…. foram tantas pessoas que aos poucos foram aderindo a campanha, tantas pessoas maravilhosas que abriram mão das famílias, de finais de semana e tantas outras coisas para ajudar que eu tive certeza: existe muita gente boa neste mundo, mas muita mesmo!!! Mas então, porque a gente não consegue se mobilizar e AJUDAR de maneira mais eficiente?! Porque não temos a cultura da doação – muitos se disponibilizam, fazem e acontecem mas a GRANDE MAIORIA está perdida no mundo das boas intenções e sem nenhuma disposição para a ação!
Precisamos AGIR para mudar isto – precisamos sim, que a cultura da doação, seja disseminada neste país! Chega a ser absurdo pensar que a Bélgica, um país com 11,4 milhões de habitantes se uniu e em dois dias, é isto mesmo: em 2 dias arrecadaram os mais de 2 milhões de dólares para a campanha da pequena Pia: 1 em cada 10 belgas fez uma doação!
E no Brasil, com mais de 200 milhões de habitantes, as campanhas se arrastam a ponto das crianças com AME perderem o prazo para tomar a medicação – que só tem efeito se for administrada até os dois anos de idade! É incompreensível isto! E precisamos fazer algo para mudar!
Como eu disse lá atrás eu fui ajudada ao participar desta causa e hoje eu tenho a consciência de que qualquer valor ajuda em uma campanha – então, se você chegou até aqui – se, se interessou por este assunto, ajude a disseminar esta ideia – nós podemos sim criar a cultura da doação no nosso país. Vamos ajudar, por menor que seja o valor – ele vai fazer diferença. Se todos pensarem assim e começarem a doar 10,00 reais para cada campanha que chega até você ou um pouco mais, um pouco menos – de acordo com a sua realidade, poderemos mudar isto! Qualquer valor vai fazer diferença, desde que TODOS ajudem!”
Flávia Vilela Camilotti