Você conhece o piso petit pavê?

Você sabia que o piso do Calçadão se chama petit pavê? A história do piso petit pavê é bastante interessante e tem raízes antigas que misturam arte, funcionalidade e urbanismo.

petit pavê (expressão francesa que significa “pequeno pavimento”) surgiu na Europa — na França e em Portugal, no século 19. Ele é uma variação do pavê tradicional, um tipo de calçamento formado por pequenas pedras cuidadosamente assentadas à mão, criando superfícies resistentes e decorativas.

Em Portugal, esse tipo de piso ganhou o nome de “calçada portuguesa”, famosa por seus mosaicos de pedras brancas e pretas (geralmente calcário e basalto). Essa tradição foi trazida para o Brasil durante o período colonial, no século 19, quando se buscava modernizar as cidades com influências europeias.

O petit pavê começou a ser utilizado em passeios públicos, praças e calçadas no Brasil a partir da segunda metade do século 19. O Rio de Janeiro foi palco das primeiras calçadas em mosaico inspiradas na calçada portuguesa.
Fotografia Leila Lindiana.

Com o tempo, o uso do petit pavê se espalhou por diversas cidades brasileiras — tanto em obras públicas quanto em residências — por sua beleza artesanal, durabilidade e versatilidade nos desenhos.

Em nossa cidade, em 1988, houve a reurbanização da Avenida Júlio Assis Cavalheiro, projeto do nosso querido arquiteto Dalcy Salvatti. A avenida foi interrompida entre a Travessa Frei Deodato e a Rua Tenente Camargo — surgindo assim o Calçadão, local de grandes eventos e promoções culturais.

Dalcy explica que desejava um piso diferenciado. Na época havia poucas opções e a referência veio de Curitiba, onde o petit pavê era muito usado. Se na capital os desenhos do piso reproduziam o pinhão, aqui usaram o marreco.

Fotografia Leila Lindiana

O desenho da ave foi usado, principalmente, nos canteiros da avenida, mas hoje já não existem mais, devido às mudanças para o trânsito.

Aprendi com Dalcy que a aplicação do piso tem seus segredos. Os desenhos são executados com moldes de madeira, e o assentamento é feito da mistura de areia e cimento, chamada farofa, sem água. Após assentar as pedras, a água rega os petit pavês.

Muitos de nós passam diariamente pelo Calçadão. Não param para admirar a beleza ou sequer conhecem o nome das pedras. Cogitou-se uma lei municipal para decretar o piso patrimônio histórico, mas isso não aconteceu.

Hoje o petit pavê é símbolo de sofisticação clássica. Ele é usado tanto em calçadas históricas quanto em projetos contemporâneos de paisagismo e arquitetura. Seu charme artesanal o mantém como uma opção atemporal — um elo entre tradição e design.

Texto Publicado no Jornal de Beltrão, em 24/10/2025.

Fotografia da capa Marlon Tosetto.

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