“Calma é deliciosa dentro do namoro, com a confiança estabelecida no amor, com o respeito ao espaço e tempo individuais de cada um.
Antes dele, é trauma.
Se o ficante pede para ir com calma na relação, não pretende continuar com você. É um aviso de corte de luz. É uma ordem educada de despejo.
Não existe calma na paixão. Se há calma, não é paixão. Paixão bota fogo nos papéis moderadores, gera a ânsia de ser inesquecível, soma coragens.
“Vamos com calma” é desacelerar até parar de vez, numa separação prematura no início. A lentidão traz burocracia, desistência, comodidade, tédio.
É a primeira parcela do consórcio do fim.É romper com a esperança antes que ela cresça mais, é se ver menos, é espaçar os encontros, é diminuir a intensidade.
“Vamos com calma” é a cera do futebol. É para segurar o empate.
“Vamos com calma” é empacotar as lembranças, é avisar que o romance perdeu força e ritmo, que não existe o mesmo interesse.
“Vamos com calma” significa que não deu, não aconteceu a magia ou que ela não foi suficiente para prolongar a atração, que a pessoa não é tão importante assim, tão fundamental assim, não é a prioridade do momento.
Quem exige calma talvez não queira ir embora, mas tampouco está interessado em mergulhar na convivência. Ficou no raso da vida.”
Fabrício Carpinejar
Fotografia @thealmsbrand | Junior Alm – Noivos: Débora e Pedro