Fotografia | Leila Lindiana
“…É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã | É um resto de mato na luz da manhã | São as águas de março fechando o verão | É a promessa de vida no teu coração”…
A música Águas de Março, composição de Tom Jobim, interpretada por Elis Regina é um clássico da MPB, para quem não sabe Tom compôs a música em meio à um período de repressão militares no Brasil durante o período da ditadura, mas Tom Jobim quase nunca é citado entre tantos outros. Águas de Março é uma descrição de elementos que Jobim via no ambiente rural com o sentimento que ele estava vivendo na época.
Além dos militares, outra coisa assombrava Jobim durante o período que a música foi composta. Em uma entrevista para a revista PlayBoy, tom afirmou que na época em que compôs águas de março o médico lhe disse que iria morrer de cirrose. Imagine que você é o Tom, depois de um dia cansativo de trabalho, desanimado com a vida e com medo de morrer, senta em uma cadeira em uma varanda de casa de sítio, e começa a cantar o que você está vendo e pensando…
Bom, sabendo desse cenário e fazendo esse exercício, escutar esse clássico da música brasileira pode sim, nos encher de esperanças frente aos novos dias de Março. Foco nesse trecho da música: “São as águas de março fechando o verão / É a promessa de vida no teu coração”.
Mas ainda não é tudo, para melhorar ainda mais nossa relação com esse período de 31 dias, ilustro com essa pequena poesia da Miryan Lucy Rezende e a fotografia da Leila Lindiana.
“Abro janelas e portas para Março, que vem com suas águas de fechar verão.
Com sua chave dourada de abrir outono.
Que pinta a minha vida com uma luz tão linda, que escorre das folhas, das fotografias e cai como chuva de fim de tarde sobre as minhas palavras.
Bem-vindo, Março.
Chegue bem.
Que suas águas aumentem meu curso, me façam mais profunda pra que eu continue rio que não corre em vão!”