Hoje, 10 de dezembro, comemora-se o centenário de Clarisse Lispector, nascida na Ucrânia veio bebê para o Brasil junto de sua família. Cursou Direito e trabalhou como jornalista, mas a literatura fez seu nome ser conhecido no mundo. Foi definida em sua biografia como “uma mulher discreta, com tom de voz baixo, tinha muitos amigos, porém não era extrovertida. Seus livros retratam bem seu jeito de ser: muito observadora” define a biógrafa Teresa Montero.
Em 1977, concedeu sua única entrevista televisiva para TV Cultura onde afirmou nunca ter assumido a carreira de escritora e disse: “Eu não sou uma profissional, só escrevo quando quero. Eu sou um amador e faço questão de continuar sendo amador. Profissional é quem tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então como o outro, em relação ao outro. Agora eu faço questão de não ser uma profissional para manter minha liberdade.”
Seus amigos contam que era um pessoa que queria participar sempre. Uma autora versátil. As obras “claricianas” são notadas pelos conceitos complexos que emergem de alguma situação banal, do cotidiano e escritas num texto simples, que leva a reflexão.Clarisse figura ao lado de grandes nomes da literatura mundial, com Kafta e Virgina Woolf. No centenário do seu aniversário, segundo um levantamento do Google Trends, são de Clarisse as frases literárias mais buscadas no Brasil.
Para ler Clarisse prepare-se, ela não suaviza na linguagem, é introspectiva, intensa e somada a sua personalidade misteriosa tem o dom de aguçar o público para sua leitura. Ela era tão misteriosa que economizava em fornecer informações, mentia e não gostava de revelar a idade, sempre diminuía cinco anos.
Para quem gostava muito de histórias, Clarisse fez muitas indagações a si mesma e traduziu isso em livros. Ela, assim como os filósofos, nos confrontam com mais perguntas do que respostas. Creio que se ela vivesse atualmente se espantaria, pois hoje em dia as pessoas tendem a fugir da realidade, de si mesmas e da própria vida. Curioso no ano da celebração da escritora mais introspectiva da literatura brasileira, o isolamento e/ou distanciamento social seja uma determinação imposta por instituições.
Clarisse é uma autora versátil, agrada a muitos, tem uma legião de fãs e permanece impactante, atual e necessária.
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