O Poder da Empatia na Comunicação – Aprendendo sobre Reciprocidade por Júlia Rathier

A Júlia faz sua estréia por aqui, na categoria Palavresca e, eu estou muito feliz!  Menina com talento nato para a escrita nos desafia a pensar sobre a RECIPROCIDADE, é o primeiro texto de uma coletânea sobre o tema que vamos apresentar. Fica o convite para você dedicar seu tempo à esse leitura delicada, saborear as palavras, inspirar conhecimento.

Este texto foi carinhosamente elaborado em respeito aos ensinamentos que pude receber da obra de Marshall Rosenberg, “Comunicação-não violenta- Técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais.” (2006)

“Enredos errados. O sentimento era enfadonho e novo. A gente achou que dava conta de amar sem toda essa fixidez de olhar ao outro que a empatia prega. Sem todo o fricote (quer não é fricote mas a gente só descobriu mais tarde) que é isso de ter que falar o óbvio.

Ele, metáfora. Ela, metonímia e os dois, elipses. Pobres dos que não sabem que o óbvio salva diálogos e vidas, e que escrever pra quem quer que seja, carrega também esse estatuto.

Se  quiséssemos ser simples  tanto quanto a gente pensa que quer – e isso é achar que somos humildes demais quando na verdade só escondemos a pontinha do narcisismo no bolso quase estourado de hipocrisia – as coisas, também seriam. Ninguém aqui falou de complicar. O ponto é: onde você acha que chega não sendo empático?

Se reclamas da idade que reflete no espelho ao olhar as marcas do tempo, por que não pensa sobre a vontade que tu deveria ter, de que as pessoas te vissem do avesso? Se carregas coisas bonitas, isso não precisa ser oficial como devem todas as coisas rígidas como a besta da etiqueta.

É simples como ensinar a uma criança que ela deve guardar os brinquedos depois de brincar. A uma pessoa, que ela pode sim perguntar “tudo bem?” depois do oi, realmente querendo saber se está tudo bem ao invés de um automatismo social.

Quantas vezes você já perguntou ao seu filho se ele teme algo? Por quanto tempo você já ouviu alguém contar uma história, que tava longe de ter os mistérios que você gostaria que tivesse? O quanto você consegue olhar no espelho sem perguntar às marcas do tempo, que marcas você ta deixando?

Sempre e não via de regra romanticamente, dá pra amar mais, disse o violeiro que limpava seu instrumento antes da nova melodia. Ele insistia que não dava pra criar nada que fosse incrível de ouvir, com ele sujo.

Eu ouvi de uma feirante que perto dele estava: “mil entranhas arranham por dentro e a gente abre a página do diário de lamentações. Escreve uma linha, e pontua, mas não pergunta pelas linhas de ninguém.”

O que eu entendi do que ela disse, é que a gente quase sempre obedece àquela história, de fazer história e não contar detalhes que ensinam mais do que as lamentações.

O que, e a quem a autopiedade pode ensinar?

Se perguntássemos pro tempo quanta gente já deu tempo de atingirmos com os nossos maldizeres, a raiva e a não contenda, com certeza esse número seria menor do que as que atingimos ensinando (por experiência)  a não ser violentas. Ensinando como se ama. [Que bagunça é essa de ensinar coisas pras quais não há receita?] De fato, não há. Ensinar nem sempre é aquela coisa litúrgico-dependentemente roteirizada.

A gente ensina quando não viola. Quando não cala a palavra de acolhimento; quando desconsidera que a educação seja esse princípio cívico do qual ninguém discute, e então incrementa um sentido de escuta empática.

Que se dane a etiqueta! Ela não é mais do que um furdunço de coisas que a elite pode ensinar. E isso não é compatível com aquilo que universalmente o ser humano precisa. Pendure no varalzinho as três palavras que em tempos de pequeno a vovó ensinou que eram mágicas. Não deixe de usá-las nunca. Mas cuidado pra não achar que elas bastam a tudo. Com licença, por favor e obrigado são só um prelúdio do quanto se pode amar nessa vida.

Existem inúmeras formas preliminares de amar, começando por duas: Querer que os outros entendam o que você tem a dizer; e certificar-se de que você entendeu o que eles sentem.” Júlia Helena Rathier

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