Fotografia | Leila Lindiana
“Algo sobrevive em nós.
Desatados os nós, sobrevivemos.
Numa canção que dividimos.
Na palavra pronunciada.
Entre um e outro olhar, sobrevivemos.
Sobrevivemos na lembrança de um gesto, que guarda um jeito de ser.
A sobrancelha arqueada, a voz pausada, um olhar que espelha a alma, e que por isso tem o dom de ser inconfundível, um sorriso, uma foto, uma florada, a canção da água contornando pedras.
A gente sobrevive na saudade que deixamos.
Numa frase de certeira palavra.
A gente sobrevive naquilo que sobrevive a nós.
E que deixa de ser só lembrança cada vez que nosso coração de novo alcança a página que acreditamos já virada.
Dos passos que a estrada não apaga – disso é feita a caminhada que desenha a vida”.