Coragem, terapia e MPB

Por Júlia Helena Rathier

“Confesso que tenho feito grande esforço, pra me acostumar com os rumos das coisas que me rodeiam.

As novas formatações, anseios, tudo com quê o momento nos fez deparar, é pra mim uma novidade que ainda não perdeu o estatuto de tal.

Pra não me apavorar mais do que o necessário e manter os meus remos ao alcance das mãos, eu convoco Belchior. E às vezes Marisa Monte (de preferência as mais antigas, que ouvia com a minha mãe no carro). E às vezes, o Raul. E às vezes eu ainda recorro aos amigos pra playlists e bandas e vozes novas da terra, porque não tá tendo nada que só o que eu lembro da MPB dê conta.

Inclusive, a nossa Terra Brasilis tá um tanto quanto adoentada e precisava mesmo era de um Moraes Moreira vivo, fazendo auto súplicas ou súplicas a Deus pra ser brasileiro, como disse a Maria Ribeiro. Um Milton Nascimento fazendo mais participações com versos como os de amigo sendo coisa pra se guardar. Uma Elis falando dos pais contando vil metais e um Nando lembrando que é bom admirar a vida que soubemos fazer.

Porque a gente quer estar perto, mas por enquanto só tá rolando em pensamento.

Eu agradeço que a fé na arte continua viva, pra vida poder imitar. Ufa.

Mas eu também quero paz pra todo mundo, porque não tem nada de artístico no sofrimento por negligência. Por falta de visibilidade. De justiça.

Por isso, é que eu também louvo meus anos de terapia. O tanto que eu acredito na Psicologia, na saúde mental e nas subjetividades. E no quanto eu quero que elas alcancem cada vez mais gente pra desenhar e acrescentar processos. Além do alimento elementar. Dos grandes e inquestionáveis, direitos.

Eu olho pra isso tudo com vontade de colar o adesivo do @viniciusbaldon “se cuida, mas cuida dos outros também”, em qualquer superfície possível. Se pudesse colar no(s) coração(ões), o faria.

Olhem pra dentro, gents. Mas ao redor também (e sempre). Coragem pros nossos corações selvagens”.

Júlia Helena Rathier | Psicóloga, Beltronense, Escritora, Membro do Departamento de Literatura da Secretaria de Cultura Municipal de Francisco Beltrão | Centro de Letras de Francisco Beltrão | Colunista  “Sobre tudo sobretudo”, na revista Obvious Magazine aqui

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