Nossa Senhora Aparecida

Pede à Mãe, que o Filho atende!

No mundo, o culto a Nossa Senhora leva 3 milhões de pessoas por ano para Lourdes (na França), 5 milhões para Fátima (Portugal), Aparecida recebe 12 milhões de fiéis por ano! Esse fato deu ao Brasil o galardão de ter o maior santuário mariano (que cultua a Virgem Maria) do mundo.

Muitos países celebram seu sentido de união nacional com monumentos a militares, guerreiros e homens poderosos. O Brasil, não: quem cria e define nossa união é uma mensagem de fé, de amor, de esperança: é Nossa Senhora. Ela é nossa santa nacional, de um canto a outro do país.

A música Romaria, de Renato Teixeira é um hino dos romeiros. “Em Aparecida, eu vejo os Romeiros, aqueles que vão chegando finalmente ao grande momento planejado. Ir à  Aparecida não é uma coisa banal; são fatos que se tornarão perenes e enriquecerão a memória familiar como um exemplo de humildade diante dos mistérios da vida. Todos nós, em algum momento da existência, pensamos no quanto um milagre seria oportuno diante de certas situações pelas quais todos nós, às vezes, temos que atravessar.”

Renato Teixeira é autor de uma canção considerada “até simples”, mas que se tornou um hino à Nossa Senhora Aparecida e um canto de resgate do caipira, um homem do campo. Renato não tinha ideia que a música ia virar tudo isso. “Eu quis fazer uma coisa sofisticada. Nunca imaginei que fosse se transformar numa canção tão popular. Eu acho que a força dela está exatamente em mexer com um símbolo brasileiros muito forte, que é Nossa Senhora. Era uma canção do romeiro, aquele que vai para Aparecida. Aí você começa a ver como ela penetra no inconsciente coletivo do povo brasileiro.”

Quem ouve Romaria sempre se emociona. A música expressa uma fé cristã existencial, capaz de unir a vida à teologia e a teologia à vida, de forma a reconhecer em Nossa Senhora Aparecida, como aquela que caminha com o povo e não é indiferente às suas dores. Nos identificamos com sua letra, somos personagem da música enquanto rezamos e cremos. Carregamos ela em nosso coração, reproduzida num pingente, uma medalhinha e uma imagem; onde diante dela nos ajoelhamos e rezamos.

Na música de Renato Teixeira, Maria é reconhecida como a Mãe, capaz de solidarizar e de se compadecer dos pobres sofredores, daqueles que carregam consigo dores e seus traumas existenciais. Existe confiança. A simplicidade e a intensidade da súplica ressalta o poder de expressar um sentimento filial à Nossa Senhora Aparecida. Ressalta-se a dimensão do olhar, da contemplação. O jiló, o amargo da vida, é apresentado por um homem que encontra na religião a força ou resposta das pessoas para que a sua mina escura da vida seja iluminada ao se encontrar com a imagem de Nossa Senhora de Aparecida, no Santuário Nacional.

Podemos concluir que a canção ressignifica a fé católica, a partir do contexto vivido, sem romper com a religiosidade popular. Por isso, essa canção se tornou representante de uma fé cristã católica e das situações da vida.

ROMARIA ( Renato Teixeira)

É de sonho e de pó,
o destino de um só
Feito eu perdido em pensamentos
Sobre o meu cavalo
É de laço e de nó de gibeira o jiló
dessa vida cumprida a só

Sou caipira Pirapora Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura e funda
O trem da minha vida

O meu pai foi peão,
minha mãe solidão
Meus irmãos perderam-se na vida
Em busca de aventuras
Descasei e joguei, investi, desisti
Se há sorte eu não sei, nunca vi…

Sou caipira Pirapora Nossa
Senhora de Aparecida
Ilumina a mina escura
E funda o trem da minha vida

Me disseram porém
Que eu viesse aqui
Pra pedir em romaria e preces
Paz nos desaventos
Como não sei rezar
Só queria mostrar
Meu olhar
Meu olhar
Meu olhar…

Compartilho uma reflexão do Padre Hallison Henrique de Jesus Parro, onde discorre lindamente sobre Nossa Mãe Aparecida:A em Maria deve proceder de uma fé verdadeira pela qual somos levados a reconhecer… um amor filial para com nossa Mãe e à imitação de suas virtudes”. É esse meu apego à ela, a fé transformadora e capaz de romper as argolas do escravo Zacarias, quando fugia e estava sendo levado de volta,  preso por correntes e argolas em torno dos pulsos e do pescoço, quando passaram perto da capelinha da Aparecida. Zacarias, cheio de confiança no poder e na bondade de Nossa Mãe do Céu, pediu para rezar diante de sua imagenzinha. Rezou com tanta fé, que as argolas e a corrente lhe caíram milagrosamente aos pés! Seu senhor, quando soube do milagre, deu-lhe logo a liberdade.

“Vai Mãe, vai abrindo estradas e caminhos, abrindo portas e portões, abrindo corações”

Sobre ir ao Santuário | Fui duas vezes à Aparecida, uma no dia 12 de outubro e em outra data. Confesso a emoção bateu forte em meu peito na primeira visita, fomos em família para agradecer. Visitar o Santuário Nossa Senhora Aparecida para pagar uma promessa ou apenas para agradecer a vida, é mostrar devoção à padroeira do Brasil, é de uma emoção que jamais esqueci. São muitas as histórias de família que nos unem à Nossa Senhora Aparecida, tenho certeza que você ao ler vai lembrar da sua ou conhece alguém que tem grande devoção à ela. Quando estamos lá tudo nos impressiona, a grandeza da Basílica, a quantidade de fiéis mas, a fé dos romeiros é algo que toca nosso coração. A energia do lugar, a bondade e a gentileza das pessoas, os olhares caridosos que recebemos carregamos para toda a vida.

Tudo nos impressiona em Aparecida do Norte, o roteiro faz parte da Estrada Real e recebe todos os anos milhares de romeiros, este número só aumenta, principalmente, em outubro, mês em que se comemora o dia da padroeira.

O Santuário Nacional é o maior do mudo dedicado à Maria. Três Papas já o visitaram, inclusive, o Papa Francisco. A santa tornou-se padroeira do Brasil em 1930. Os responsáveis pelo santuário são os missionários redentoristas. As missas chegam a reunir 30 mil devotos no interior da Basílica. Para celebrações externas, a capacidade é de 300 mil pessoas. Assistir uma missa ali é algo que transcende nossa fé, somos tomados por toda a devoção existente, é uma corrente do bem em palavras, gestos e orações, são pessoas que só querem rezar, agradecer e falar do bem que ela nos fez.

A famosa imagem da santa negra foi encontrada no século XVIII pelos pescadores Domingos Garcia, João Alves e Filipe Pedroso no rio Paraíba, Porto Itaguassu em 1717.  Itaguassu significa pedra grande em tupi-guarani. Apenas no século XX, a imagem passou a usar coroa de ouro e manto azul, presentes da princesa Isabel. A imagem fica em exposição permanente em um nicho, no térreo do santuário.

Enfim, hoje e sempre, dai-nos a bênção, oh Mãe querida! Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós!

” Senhora das Senhoras. A Aparecida. Nossa padroeira. 
Valei-nos nesse outubro, oh Mãe, que o rio tá sem peixe, a praia está deserta, os pescadores desesperados, e redes vazias é o que não nos tem faltado por aqui.

Permita-nos pescar de volta nossa aldeia, nossa camaradagem, nosso jeito bonito de viver unidos em torno de uma mesma canção e de uma mesma esperança, apesar das adversidades. Fomos tão bons nisso, e durante tanto tempo.

Por que será que esquecemos? Por que nos esquecemos, Mãe?

Dai-nos, novamente, as redes cheias, o coração largo, a compaixão para conosco mesmos e para com o outro, traz de volta nosso antigo olhar brasileiro de ver tudo com coragem e respeito.

Abra em asas seu manto e nos embrulhe a todos, que a madrugada é fria, e de berço, braços, proteção e cobertor andamos todos precisados…” Miryan Lucy Rezende

Pe. Hallison Henrique de Jesus Parro | Especialista em Filosofia (UFOP), graduado em Filosofia e Teologia (CEUCLAR) e em Letras com habilitação em Literatura e Língua Espanhola (UNESP).

Imagens Reprodução Pinterest.

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