Fotografia | Leila Lindiana
“Existem noites em que simples carneiros viram lobos escuros, cheios de dentes.
São horas em que as dores não passam e feridas não fecham.
Horas em que tanta gente nos falta.
Mas, é essa mesma escuridão que nos mostra a vida aquietada, como se quisesse que a gente escutasse as palavras de dentro.
E é como um sussurro em nossos ouvidos dizendo, infelizmente, algumas vezes o desejo do “mais forte” prevalece sobre o mais fraco.
E isso acontece, porque existem coisas que duram mais do que achamos que conseguiríamos suportar.
Lobos fazem doer pedaços que a gente nem sabia existir.
Abrem cadeados de gavetas secretas sem precisar de chaves, só para colocar à vista autoridades ilegítimas e tiranos sorridentes.
Alguns deles nos levam ao chão e mal conseguimos respirar.
Mas nunca, nunca duram para sempre.
E, o irônico é que, são os próprios lobos escuros que nos salvam.
Nos salvam porque quando saem das sombras já não são mais nossos. Ficam à deriva.
São lobos bobos, donos de discursos ocos e muito, mas muito, mais fracos que os nossos desejos.
Talvez eles não saibam, mas há sempre um sol amanhecendo em outro lugar.
Sempre um modo de sair do escuro.
Noites assim me fazem desejar que prevaleça a verdade.
Prefiro distâncias honestas a aproximações hipócritas.
Os lobos que me desculpem, mas acredito em manhãs seguintes”.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Autoria | Solange Maia