Texto | Franciele Schmitz | Psicóloga
“É fato! Apesar de metade dos brasileiros não acreditar que o isolamento social evita a disseminação do novo coronavírus, ele (o isolamento total, parcial ou vertical) se tornou realidade nos nossos dias. Assim, o abraço virou algo raro entre amigos, o aperto de mão é item totalmente dispensável no contato pessoal e o uso de máscaras esconde os sorrisos diários dados aleatoriamente para aqueles que nem mesmo conhecemos. Além disso, outras mudanças estão ocorrendo. Estudos comprovam aumento de compras online, consumidores estão utilizando com mais freqüência bancos digitais, pessoas estão descobrindo que pode ser muito prazeroso estarem em seus lares trabalhando, cozinhando, dançando e até mesmo limpando.
Mas será que essa alteração de rotina “obrigatória” vai gerar uma mudança de hábito a ponto de nos transformarmos, transformar as relações, a vida e a natureza?
As opiniões sobre o tema são bastante divergentes e há, claro, muita incerteza em relação ao futuro. Alguns acreditam que passada essa fase, o receio do contato permanecerá por um tempo, mas como experimentamos a noção de finitude, o desejo de nos relacionarmos será maior que o medo. Como consequência, os valores serão revistos e dentre tantas mudanças, no âmbito das relações, veremos mais colaboração e afeto. Vimos sinais disso em ações voluntárias para garantir isolamento dos mais velhos, equipes de saúde se afastando da família para se dedicarem à profissão em tempo integral e muitos dividindo o pouco que tem para alimentar o próximo.
Entretanto, com base no olhar histórico sobre a humanidade, outros estudiosos preferem crer que mesmo vivenciando o trauma, uma pequena parcela da população será resiliente e absorverá o aprendizado, permanecendo fixada na “vida normal” que levavam antes da crise. Quantas histórias ouvimos de pessoas que testaram positivo para o Covid 19 e desrespeitaram o isolamento social, transmitindo a doença. Outras buscam benefícios assistenciais que sabem não terem direito e algumas usam do momento para se aproximar de vulneráveis e agredi-los fisicamente.
Essa crise que interrompeu nossos sonhos nos apresentou a possibilidade de ter um novo olhar sobre tudo. Acredito que muitas das nossas angústias passarão com o tempo e grandes aprendizados ficarão. Não podemos prever os efeitos precisos, mas certamente os veremos por anos. Para a formação de qualquer novo hábito, é necessário que cada um se torne consciente de que tem algo nocivo e que o adequado seria passar por transformação. Como todo processo é preciso conhecimento, prática e repetição e aqui não é diferente. Podemos transformar a nossa vida, as nossas relações, mas a mudança começa com pequenas atitudes que partem de nós mesmos. Que tal treinarmos a sermos mais afetuosos, empáticos, colaborativos? Isso sim pode ser contagioso. Hoje é um bom dia para ligar para os avós e saber se precisam de ajuda. Quem sabe deixar no whats app da amiga aquele pedido de desculpas por um desentendimento bobo que tiveram ou ainda, fazer uma lista de todas as qualidades que você admira em si mesmo. Você vai se surpreender com o resultado!”
Franciele Schmitz | CRP 12/16481 | Psicóloga formada pela UFSC com experiência de mais de dez anos nas áreas de recrutamento e seleção, desenvolvimento humano e políticas públicas. Especialista em Gestão Empresarial com ênfase em Pessoas.
Trabalhou em empresas como BRF, Parati Alimentos e SENAC PR. Determinada, comprometida, comunicativa e com facilidade de relacionamento interpessoal. Gosta de desafios.
Enquanto psicóloga sua principal missão é estimular o desenvolvimento de pessoas que desejam ter uma relação melhor consigo mesmas, com suas escolhas e nas relações com os outros.