Relacionamentos

Texto | Franciele Schmitz | Psicóloga – Fotografia | Junior Alm

Ele era um rapaz tão sério, ela uma moça tão caprichosa…

Passado o dia dos namorados, onde vimos muitas declarações de amor nas redes sociais, flores e belos presentes entregues pessoalmente, a pergunta é: por que é cada vez mais difícil escolher um relacionamento?

Em qualquer ramo, houve a segmentação de mercado e aquilo que era para ser cada vez mais simples, se tornou mais complexo. É difícil absorver todas as informações que circulam por aÍ e isso não se difere na escolha do par para a construção de um relacionamento estável. E se eu tivesse optado por aquele sabor de sorvete em vez desse? Se eu fosse naquele mercado e não neste? Será que essa blusa é a melhor? Viagem para o Nordeste ou para o Caribe? Em tempos de hiperescolha, é comportamento aceitável se tornar fiel à variedade e entender um pouco de tudo. No entanto, é importante ressaltar que não importa quanto esforço despendemos, existem coisas, lugares e pessoas que não conseguiremos atrair, conquistar ou conhecer.

Quando nos referimos a relacionamentos, precisamos nos atentar ao nível de consciência sobre as escolhas que fizemos. A imagem que lançamos e mesmo aquela que nos chama atenção é construída ao longo dos anos. Não vamos aqui supervalorizar o valor da aparência, mas vale ressaltar que num primeiro momento utilizamos as informações que dispomos e é coerente ter um visual de acordo com quem você é de fato. A roupa, o cabelo, a voz e demais atributos visíveis, que estão também relacionados ao comportamento, são os responsáveis pela primeira impressão. Estudos confirmam que mesmo discursos tão pequenos e contatos tão rápidos podem causar impressão definitiva sobre uma pessoa.

No entanto, se as escolhas fossem todas racionais e planejadas, eleger um par, que pode ser pra vida inteira, seria menos emocionante. É certo que os indivíduos não têm consciência de todos os aspectos psicológicos envolvidos na decisão, mas dentre eles estão as necessidades de aceitação, as carências individuais, os transtornos de personalidade, os estados de humor e mesmo as compensações de frustração. Em outros tempos as mulheres tinham papel passivo na escolha dos seus futuros maridos e a família escolhia os “bons meninos”. Como extensão disso, ainda é comum ouvir: “Mas ele era um rapaz tão sério”, ou “ Ela era uma moça tão caprichosa” e ainda por não compreenderem que os tempos são outros: “Escolhe tanto que vai ficar pra tia”.

Como citamos, os tempos mudaram e as pessoas querem cada vez mais experiências. Não basta ser boa esposa ou bom marido, é necessário ser elegante, amigo, amante, bom pai, excelente profissional, mas tudo de forma equilibrada, sem excessos e conciliando todos os papéis (rssss). Cabe aqui lembrar que a exigência é proporcional à medida que se define o tipo de envolvimento que se quer ter. A premissa para um convite despretensioso deveria ser bem menos complexa que a escolha para construção de laços matrimoniais, por exemplo.

Então, diante tudo isso fica evidente que a dificuldade na escolha de um relacionamento amoroso tem se intensificado? Talvez sim, mas quem sabe não… Tudo começa pela congruência e termina pela (falta de) veracidade. De nada adianta encantamento na conquista se não se consegue manter o que tem de mais seu (e do outro) ao longo da história construída em conjunto. Relacionamento requer autoconhecimento, cuidado, respeito, afeto e uma dose de boas surpresas. É muito bom estar solteiro, mas é uma delícia curtir o inverno com alguém especial que te faz melhor a cada dia. Se faz sentido pra você, por que não?!

 

Franciele Schmitz | CRP 12/16481 | Psicóloga formada pela UFSC com experiência de mais de dez anos nas áreas de recrutamento e seleção, desenvolvimento humano e políticas públicas. Especialista em Gestão Empresarial com ênfase em Pessoas.

Trabalhou em empresas como BRF, Parati Alimentos e SENAC PR. Determinada, comprometida, comunicativa e com facilidade de relacionamento interpessoal. Gosta de desafios.

Enquanto psicóloga sua principal missão é estimular o desenvolvimento de pessoas que desejam ter uma relação melhor consigo mesmas, com suas escolhas e nas relações com os outros.

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