Vou passar um café!

Você já deve ter ouvido essa expressão!?

Nossa mente é um grande labirinto, que possui portas e janelas. E graças a uma imagem, som, toque ou aroma, essas portas se abrem e lembranças boas ou ruins são retomadas. Por isso eu começo te fazendo a seguinte pergunta: o que o café te faz lembrar? 

Lembro do meu pai fazendo seu ritual matinal do café da manhã. Eu o assistia derramar água quente sobre o pó do café moído, ele gostava de café, não importava o momento. Uma vez fomos jantar e o cardápio era pizza, ele pediu café para acompanhar, é verdade?! Meu pai amava café, uma boa e fumegante xícara de café – na minha memória ele está ainda sentado no seu canto preferido da mesa, adoçando o café! Outro fato que o aroma do café me faz visitar, é de quando morávamos em Xanxerê/SC –  dona Augusta e seu Adão – ela passava o café, no coador de pano, com o bule em cima do fogão a lenha – o aroma do café, misturado ao feijão cozinhando e da farinha de biju dividindo a chapa quente, me acompanha desde a infância. É um cheiro muito bom!

Para mim, Flaviana, o café e seu cheirinho peculiar traz lembranças da infância, o acordar cedo e partilhar em família da primeira refeição matinal. Ele evoca imagens de pessoas importantes na minha vida e que amo muito e que partilharam uma boa xícara de café comigo. Mesmo quem não curte beber café, não pode negar, é um aroma bem acolhedor por tudo que envolve o ato de fazer ou tomar um bom café.

O café faz parte da minha realidade. Fez e faz parte de tanta coisa vivida. Podemos marcar um café para conversarmos? Um convite comum e motivador que o café nos propõe como bebida social. O café me aproximou de pessoas especiais, complementou momentos felizes e ótimas conversas. Seu efeito estimulante foi imprescindível para me manter esperta nas manhãs e posso dizer, em algumas madrugadas no trabalho, também. É fonte de prazer nos estresses da vida. O café acompanha a mesa farta com pão, salame e queijo em muitas tardes. Já comemorei aniversário com café, acompanhado de bolo, claro! Não dá para citar um momento imprescindível dele. Ele foi e é especial, de acordo com cada momento, ele se encaixa.

O aroma do café tem cheiro de lembrança, é como uma máquina do tempo das sensações. Bastam apenas poucos segundos para que os aromas nos façam lembrar de experiências — sejam elas boas ou ruins, afinal nossa memória olfativa é uma das mais duradouras. E, o café nos faz lembrar de pessoas, locais e acontecimentos.

A maioria de nós já vivenciou esse fato. Basta abrir o recipiente de café, seja a caixa com cápsulas ou a embalagem contendo o grão inteiro ou já moído para sentir um prazer olfativo indefinível. Nós amamos seu aroma, suas nuances e a profundidade aveludada que nos faz lembrar de pessoas e lugares quentes e agradáveis. O cheiro gostoso do café, e o próprio café, traz paz de espirito e um momento de tranquilidade.O café pode ser em pó, moído na hora, solúvel, adoçado, amargo, com leite. “Café passado” é clássico, seu preparo nos remete ao passado, tem um toque de nostalgia, de casa de vó ou da mãe. O filtro “Melitta” com café moído comprado no supermercado já fez parte de quase 100% das nossas famílias, não é? Porém, durante alguns anos, o filtro de café passou a não ter uma boa reputação nem ser “charmoso”, o café expresso dominava completamente a cena. A notícia boa é que redescobrimos o café, a percepção sobre o café filtrado mudou, o que importa é o café que eu e você gostamos, sem modismos, técnicas – aquele café que traz afeto.

Afinal, é o seu paladar que vai te fazer feliz, acolhido e abraçado quando você beber uma xícara de café, ok?

Enquanto você termina a leitura “vou passar um café” e deixar as minhas melhores memórias me visitarem!

Um abraço, Flaviana Tubin.

Fotografia | Daniela Roncato @danielaroncatofotografias.

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