Fotografia: Leila Lindiana
Elas são o símbolo da Região Sul do Brasil, conhecida por muitos nomes populares, alguns deles pinheiro-brasileiro e pinheiro-do-paraná. Particularmente, é minha preferida, tenho memória afetiva, carinho e admiração por essa majestosa “árvore”.
De forma inconfundível, tem tronco colunar que pode chegar a 50 metros de altura e 2,5 metros de diâmetro com uma casca rugosa, sustentando uma copa de simetria radial em “candelabro”, diferente de quando jovens, que tem a copa em formato de “cone”. Quando adulta, não atinge dimensões tão imponentes, com altura variando de 10 a 35 metros e diâmetro do tronco entre 50 e 120 cm.
Sua reprodução se dá por sementes (o pinhão) e germinam logo após o contato com a terra, dados técnicos afirmam que apenas 0,05% das sementes sobrevive, pois devem ser plantadas logo após a colheita. O broto assim que nasce lança um longa raiz pivotante, por isso sua preferência por solos profundos. A profundidade é mais importante do que as características químicas do solo para seu crescimento.
Embora prefira solos fundos e férteis, pode crescer em outros tipos de solos, excluindo porém os inundados, os arenosos e os muito rasos. Prefere temperaturas amenas, não se adaptando ao clima quente mas tolera umidades atmosféricas altas.
Atualmente vivemos um quadro de escassos exemplares do nosso símbolo. Elas já chegaram a cobrir mais de um terço do território paranaense, a Floresta com Araucária foi submetida a um inacreditável processo de destruição, pela falta de bom senso. Nosso apreço pela natureza não pode continuar tão frágil, esse território rico que nos acolheu repleto de ambientes naturais e extraordinários merece nosso respeito. Devemos nos indignar publicamente e demonstrar sensibilidade de que é necessário cultuar nosso maior símbolo e declarar a necessidade de sua salvação, tanto por sua importância econômica e ecológica como paisagística e cultural.
Na paisagem urbana elas tem o poder de transformar e se destacar de forma única, mesmo quando retratadas em meio as construções tornam-se símbolo da cidade.
Curiosidade: A Araucária símbolo do estado do Paraná, deu nome a Curitiba, que um dia já se chamou de “Araucarilândia”, única capital do Brasil situada no bioma da Floresta com Araucária ou Floresta Ombrófila Mista.O violeiro paranaense (e um pouco beltronense) João Triska no seu álbum “Nos Braços dos Pinheirais” faz um convite para o diálogo acerca da responsabilidade ambiental e para as ações efetivas de preservação das matas de araucária e de seu universo cultural e simbólico. Através do Movimento Paranista, intelectuais e artistas do início do século XX, apresentaram ícones e formas de representação de temas locais, da flora e da fauna, entre elas a figura do homem-pinheiro, obra de João Turin. Atualmente, quase cem anos depois, a araucária, patrimônio natural e simbólico do povo paranaense, esta ameaçada de extinção.
A música título cantada por Triska “Nos Braços dos Pinheirais” traduz na poesia o amor pelas araucárias: “No Sul existe uma terra que não esqueço jamais | ela desce pela serra, nos braços dos pinheirais”. Ouça aqui
Fotografia: Leila Lindiana | Contribuição: Bárbara Cella Leite – Agrônoma | Fonte: Gazeta do Povo e Wikipédia