Cabelo Curto

Fotografia | Everton Antoniolli

Nunca fui medrosa para mudança no visual. Sim, posso ter medo de outras coisas: cobras, olhar do alto de um prédio, roupas apertadas, saltar de para-quedas são algumas. Mas, de fato cortar o cabelo nunca foi uma questão difícil para mim.

Cresci observando minha mãe usar cabelo curto, sem medo, sem alarde. Tenho uma irmã que usa o melhor estilo pixie hair, é linda e segura muito bem o seu cabelo. Eu, sempre olhando e admirando cabelos, ficava excitada com a ideia de um novo look, de uma nova versão de mim. Já tive quase todos os tipos de cabelo que você pode imaginar: comprimento até o ombro, corte Chanel, mechas, com franja reta, lateral, repicado… Isso sem falar que em uma fase a tintura desbotou e fiquei meio ferrugem, alaranjada mesmo rsrsrs.

Posso afirmar que meu cabelo muda, conforme eu mudo. Então aquele cabelo de anos atrás já não diz respeito a Flaviana de hoje, sendo essa a verdadeira força motriz que me fez mudar. Há 4 anos, resolvi cortar o cabelo curto. Admirava minha irmã, minha mãe e sempre que via uma mulher com este cabelo na rua, ficava encarando e pensando se aquele estilo funcionaria para mim.

Cortei, iniciei o processo não tão radical, cortei um pouco, gostei! Lembro-me de olhar no espelho com aquele visual e pensar: “Eu realmente estou a minha cara”. Pela primeira vez eu me vi de verdade – e gente, foi libertador. Na verdade, continua sendo. Muito mais do que uma mudança visual, passei por uma mudança de personalidade, de ver o mundo e me relacionar com as pessoas.

O mais interessante de tudo isso é que meu cabelo acabou virando uma espécie de filtro para pessoas indesejadas. “Você ficou feia”, “Ah, eu preferia antes”, “Deixa o cabelo crescer” foram os comentários e perguntas campeãs de audiência. Ahhh e não posso esquecer do silêncio, as pessoas olhavam, não falavam nada mas, o olhar era e é de reprovação.

Uma lição que o cabelo curto me ensinou: não preciso de alguém me falando que sou bonita para eu me sentir bonita. Isso é assunto meu comigo mesma. Obrigada, cabelo, por mais uma descoberta!

Então, que tal a gente deixar para lá a “crença” de que para uma mulher ser feminina, ela precisa ter o cabelo comprido? Li algo por aí sobre o assunto e fala mais ou menos assim: “A sociedade ‘educou’ que a mulher precisa ter o cabelo grande para se sentir poderosa e feminina. Bobagem. Sinta-se bem com você. Cada uma de nós tem o cabelo que quiser, jamais se deixe influenciar por esse tipo de comportamento”.

“Uma mulher que aceita deixar o seu cabelo curto determina mais que um estilo, mas sim um estado de espírito.

Resumo, uma mulher de cabelo curto em um uma palavra: autenticidade”.

@fredelboni

Perguntei para algumas pessoas queridas porque uma mulher usa ou deve usar cabelo curto. Vamos as respostas:

 

“Eu acho que o cabelo na mulher é um acessório, que pode ressaltar e dar atitude, como pode apagar e ser só mais uma. Assim como o cabelo comprido não é para todas o curto também não é, mas ao meu ver culturalmente fomos induzidos a crer que mulher teria que ter cabelo comprido, e quando eu vejo uma de cabelo curto me passa uma sensação de ousadia, saí do trivial, não que o cabelo comprido seja feio, mas sim que curto desperta algo a mais. Acho sexy o pescoço aparecendo.” André Luiz Molina – Educador Físico

 

 

“Você já se deu conta que cortar o cabelo é cortar uma parte do corpo? Sim e quando somos crianças não temos a percepção de que cabelo cresce…..logo, cortar os cabelos é uma atitude que exige coragem, principalmente das mulheres que durante anos se viram escondidas atrás dos seus imensos cabelos longos, que funcionavam como uma espécie de manto sagrado, cobrindo e escondendo parte do seu rosto, pescoço, braços, costas…..Deixar essa imagem “imaculada de cabelos longos” é comprar briga com a opinião alheia. Acredite, você será questionada, vai ouvir comentários maldosos e piadas machistas. Quando vejo uma mulher com os cabelos curtos sei que ali tem empoderamento nas veias. ela é destemida, corajosa, audaciosa, atrevida e não tem tempo para escova e chapinha. Se você se identifica com algumas dessas características encontre um curto para chamar de seu, é libertador!” Taís Antunes Pinto – Consultora de Imagem e Estilo

“O que mais ouço das pessoas depois da mudança radical no cabelo é “isso não é pra mim”. Algumas até querem, mas se privam por estereótipo que alimentam diariamente. Raspar a cabeça era um desejo que estava alimentando por uns dois anos e nesse período não houve nenhum arrependimento. Pra mim, foi um encontro. Hoje olho fotos  do cabelo comprido e sinto que algumas vezes me escondia atrás dele. O cabelo me permitiu tentar ainda mais, explorar formas novas. Enquanto mulher, não ter longas madeixas sedutoras me mostrou outras formas de me expressar que eu jamais teria tentado na minha zona de conforto. Mas saindo um pouco da auto estima e psicológica, ter o cabelo curto agora traz muita praticidade, todos os dias experimento novos penteados. Em 5 minutos meu cabelo está pronto pra qualquer evento, é a forma de encarar essa vaidade que muda”. Caroline Salmoria – Sócia Proprietária Organize-C e Filosofa de Frases.
As minhas fotografias são registros do Everton Antoniolli | Rua Curitiba, 1395, Centro, Francisco Beltrão/Pr | Telefone (46) 9 9912-4428.
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