Texto | Franciele Schmitz | Psicóloga
“Amor e prazer, o tempero necessário para qualquer cozinha! Lembro quando criança, dos momentos que passávamos na casa das avós, sentadas em volta da mesa, aquele cheirinho de comida que saiu do forno. A mesa da vó Walburga era redonda e até girava a parte superior, era um espetáculo! Eu queria experimentar a rosca de polvilho, as bolachas, bolo de requeijão e todas as variâncias de guloseimas que poderiam existir naquele momento. Minha Irmã não. Gostava das sopas de batatinha, do pão de milho e daquele morango picado com açúcar da vó Ibraina. As avós sabiam disso e faziam de tudo para nos agradar.
De casa tenho memórias incríveis de pratos típicos. Nossa mãe sempre fez coisas deliciosas (e nossos amigos sabem disso). Ainda na infância meu aniversário era comemorado com suflê de milho e toucinho do céu, o da minha irmã galinha recheada (ela não queria nem saber de frango recheado, era galinha mesmo rs) e gelatina colorida quadriculada. Nós adorávamos!
Cresci e hoje eu também cozinho. Gosto de testar, preparar alimentos e receber amigos. Nada profissional, mas sempre com muita dedicação e carinho. Sou a pessoa que mais faz o pão de cerveja da Flavi! Com o passar do tempo entendi que a gastronomia é uma ciência que tem técnica, que se preocupa com o bem servir e com a harmonização à mesa. Mas não é somente isso, é o que há por trás do que se manuseia enquanto ficamos a espera dos nossos pratos preferidos: a emoção, a experiência que vivemos ali.
Em se tratando de tendência, existe um grande movimento mundial que atrela a cozinha a uma arte extremamente elaborada, ampla, que abrange uma diversidade de sentidos, prazeres e conhecimentos ao mesmo tempo. Quem imaginou que o tele-entrega “seria substituído” pelo delivery, tecnológico, que se preocupa com a temperatura e a apresentação dos pratos? Ou que veríamos tanta sustentabilidade no negócio? A começar pela valorização dos produtos tidos como naturais…
Numa abordagem mais psicanalítica poderíamos dizer que o alimento sempre esteve associado às sensações de prazer e a gastronomia, por sua vez, por ter a capacidade de apresentar variedades, seria uma fonte abundante, dada a diversidade gustativa existente. Para quem cozinha, é possível verificar benefícios como o reforço da autoestima, concentração, redução da ansiedade, bem como coordenação, consciência sensorial e uma pitada de criatividade. O cozinhar tem tantos efeitos positivos que clínicas psiquiátricas dos Estados Unidos passaram a incluir aulas de gastronomia como tratamento complementar para pessoas com depressão, ansiedade e outros transtornos mentais. É claro que tudo o que é demais tem suas conseqüências negativas, mas prefiro falar das compulsões num outro momento.
Dessa forma, o motivo que leva cada um a cozinhar é único. Eu sempre gostei de cuidar do outro! Assim como o prazer que conseguimos experienciar quando comemos também é subjetivo e individual. As vezes nos remete a lembranças memoráveis, outras vezes nos oportuniza novos conhecimentos, muita vezes nos conecta. O sucesso e o prazer depende antes de tudo, da presença real de quem está ali, convivendo. Nós sempre estivemos de alma, vivenciando o momento e é por isso que preparar um prato ou experimentar algo diferente é tão prazeroso na nossa cozinha. O prazer e o amor são ingredientes imprescindíveis por aqui”.
Franciele Schmitz | CRP 12/16481 | Psicóloga formada pela UFSC com experiência de mais de dez anos nas áreas de recrutamento e seleção, desenvolvimento humano e políticas públicas. Especialista em Gestão Empresarial com ênfase em Pessoas.
Trabalhou em empresas como BRF, Parati Alimentos e SENAC PR. Determinada, comprometida, comunicativa e com facilidade de relacionamento interpessoal. Gosta de desafios.
Enquanto psicóloga sua principal missão é estimular o desenvolvimento de pessoas que desejam ter uma relação melhor consigo mesmas, com suas escolhas e nas relações com os outros.